quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Marcas

Dói. A separação dói.
Por um motivo, algo sem razão, nos falta algo. Um ponto central aperta.
O ar falta. A angústia ocupa o peito.
Onde está o alívio?
Onde está a doce música de sua voz?
O seu belo sorriso ao meu lado.
A beleza espontânea e infantil.
Os faróis a iluminarem a noite.
A magia se eclipsou.
O velado prevalece.

Um comentário:

Anônimo disse...

:( :(

A um ausente (Carlos Drummond de Andrade)

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti, de nossa convivência em falas camaradas, simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste